quinta-feira, 14 de abril de 2011

Redenção e o Memorial da Liberdade

O Museu Histórico e Memorial da Liberdade foi criado com o objetivo de preservar objetos e documentos que contam a vida de Redenção, especialmente o que é relativo a fatos e circunstâncias da escravatura e da campanha por sua abolição.

Em poucos municípios a iniciativa de criar um museu primordialmente dedicado à memória daquele período teria tanta razão de ser. Afinal, Redenção faz parte da história brasileira como o primeiro município a libertar seus escravos. Esse fato se deu no dia 1º de janeiro de 1883, antecipando-se em mais de 5 anos à Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, então regente, apenas a 13 de maio de 1888.

O museu tem uma história marcada por determinação, assim como se deu com a própria campanha abolicionista. A idéia de criá-lo surgiu após algumas reuniões das quais participaram professores, alunos e líderes da comunidade. Todos eles compreendiam que Redenção precisava registrar e valorizar melhor sua condição de município pioneiro na conquista da liberdade para os escravos. A criação de um museu atendia a esse objetivo e logo ganhou adesões.

Muitas pessoas de destaque no meio civil e na administração pública ajudaram desde o início. Entre os que mais contribuíram para transformar a idéia do museu num projeto viável estavam o artista plástico e poeta José Augusto Torres, o secretário de Educação Antonio de Almeida Jacó e o prefeito Sebastião Paulino de Freitas.

Uma das providências adotadas na fase preliminar à instalação do museu foi realizar um levantamento do que ainda havia de peças e documentos ligados à escravidão ou aos abolicionistas. Uma comissão para esse fim tratou de visitar sítios e fazendas, cartórios e arquivos, residências e senzalas. Infelizmente, constatou-se que pouca coisa havia resistido ao tempo, como algumas peças de ferro, usadas no trabalho ou para punir. Mesmo assim, estava ali o registro material de um capítulo importante da história do município. Os itens arrolados foram comprados ou recebidos em doação e hoje compõem o acervo exposto aos visitantes.

Outro passo preliminar foi escolher o nome do futuro museu. Pensou-se que o melhor era não deixar isso a cargo de uma só pessoa, mas realizar um concurso entre os alunos da rede escolar, dando a muitos a chance de participar dessa escolha. O nome preferido veio da Escola Padre Saraiva Leão: Museu Memorial da Liberdade.

No dia 28 de dezembro de 1997, em solenidade pública, o museu foi inaugurado. Sua primeira casa foi o antigo Centro Administrativo Municipal, atual sede provisória da Unilab. A Lei que institui a sua criação também lhe acrescentou o qualificativo “Histórico” ao nome.

Em 1998, o museu foi transferido para um prédio que já fora a sede da Prefeitura e da Câmara de Vereadores. Lá ficou até 2006, quando, por necessidade de área de estacionamento e de mais espaço, houve nova mudança, desta vez para o prédio do antigo Círculo Operários de São Jose, na praça da Matriz, onde se encontra até hoje. Essa última mudança deveu-se em parte ao projeto Rede de Museus do Maciço de Baturité, realizado pela Associação dos Municípios do Maciço de Baturité (AMAB). Além de melhores acomodações, o projeto possibilitou ao museu instalar uma ilha digital, assim como realizou o inventário do acervo e o registro digitalizado das peças.

Em exposição permanente constam ferros de punição e de trabalho, documentos, escritura de compra e venda de escravos e também atas e correspondências da Câmara Municipal. Embora tenha na temática escravagista seu principal enfoque, o escasso acervo que chegou aos nossos dias é complementado com peças de mobiliário, moedas, paramentos e objetos religiosos, entre outros itens.

Visitantes e pesquisadores podem ler a ata de uma sessão extraordinária da Câmara Municipal, datada de 19 de maio de 1888, na qual os vereadores da Vila do Acarape (atual Redenção) saúdam a princesa Izabel pela então recente assinatura da Lei Áurea. Outro documento de valor, especialmente para pesquisadores, é a cópia digitalizada de correspondência expedida em 23 de janeiro de 1883, na qual se informa ao presidente da Província do Ceará, Domingos Antonio Rayol, a libertação de todos os escravos da Vila do Acarape, por iniciativa particular.

Apesar de modesto, o Museu Histórico Memorial da Liberdade faz parte dos sistemas nacional e estadual de museus. Com suas limitações, é um ambiente de fruição cultural, que luta para cumprir sua missão de conservar, divulgar e, acima de tudo, possibilitar uma reflexão crítica.

Sentimos que ainda há muito por fazer para registrar os duros anos da escravidão e a contribuição do município por seu fim


Teresinha de Lisiê Freire de Sousa

SERVIÇO

Rua José Costa Ribeiro, 102 – Praça da Matriz

Redenção (CE) CEP 62790-000

Fone: (85) 3332-1436

www.museumemorialdaliberdade.blogspot.com

Funcionamento de segunda a sexta-feira, das 8 às 18 horas.

Aos sábados, de 8 às 13 horas.

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