quarta-feira, 23 de março de 2011

Redenção vive outro momento de liberdade com a Unilab


O movimento abolicionista no Ceará inspirou um grupo de moradores de Redenção (na época Villa do Acarape) no sentido se organizarem para libertar seus escravos. Foram fundadas duas associações: a Sociedade Libertadora Acarapense e a Sociedade Libertadora Artística Cearense formada por estudantes, senhores da sociedade, artistas, o pároco Luis Bezerra da Rocha. Em novembro de 1882, uma comissão formada por João Cordeiro, Almino Affonso, Antônio Martins, Frederico Borges e José Marrocos fizeram uma visita ao município com o propósito de apoiar o movimento abolicionista que aqui se formava. Foram recebidos pelo Pe. Luis Bezerra da Rocha e Deocleciano Ribeiro de Menezes na residência do Sr. Antônio da Silva Matos, que para dar credibilidade ao movimento entregou a carta de alforria a um escravo.

No mês de dezembro, uma representação da Sociedade Redentora Acarapense viajou para Fortaleza a fim de solicitar apoio e colaboração monetária para a compra das alforrias , já que os fazendeiros aceitaram alforriar seus escravos, desde que fossem indenizados. Na época José do Patrocínio se encontrava no Ceará e junto com a Sociedade Libertadora Cearense participou do movimento para arrecadar o valor estipulado. O grande tribuno negro fazia conferencias no teatro São Luís, as entradas eram pagas e o produto destinado às alforrias dos escravos da Villa do Acarape. O jornal Libertador fez uma grande campanha e abriu uma lista de arrecadação na capital, houve bastante contribuição e a lista cresceu. A população da Villa do Acarape também contribui com 300$000.

Com o valor total arrecadado só faltava marcar o dia da celebração. Foi escolhido o dia 1º de janeiro de 1883 para a grande festa. Uma comitiva saiu de Fortaleza nos vagões da locomotiva a vapor denominada Sinimbu. Aqui foram recebidos em festa, a sessão foi presidida por Liberato Barroso. A multidão aplaudia os oradores, José do Patrocínio fez um discurso inflamado. Justiniano de Serpa assim se pronunciou: estamos na Canaã da Liberdade. A vibração dos oradores durou até a entrega das alforrias a todos os escravos. À tarde a comitiva retornou a Fortaleza, sendo recebida com festa e foi levada até a redação do Jornal Libertador, onde as manifestações duraram até a meia-noite. (fonte: Raimundo Girão - A Abolição no Ceará e Museu Histórico e Memorial da Liberdade).

Por conta dessa história protagonizada e celebrada pelos redencionistas, o ex- presidente Luís Inácio da Silva, com o aval do Governador Cid Gomes, escolheu Redenção para sediar a 2ª Universidade Federal do Ceará, a Unilab - Universidade Internacional da Integração Afro-Brasileira. O campus provisório denominado campus da Liberdade está localizado no prédio onde funcionou a prefeitura,o mesmo foi cedido pela administração municipal. O compromisso da Unilab é gerar conhecimentos científicos e tecnológicos necessários à prosperidade dos brasileiros como também dos países lusófonos. Assim como aqueles que promoveram a libertação dos escravos, todos que se empenharam pela implantação dessa universidade estão escrevendo uma nova página de sucesso, de libertação educacional, cultural, econômica e social, dando oportunidades não só aos moradores dessa região, também do Ceará e dos países envolvidos. As oportunidades estão surgindo, era quase impossível, por exemplo, o filho de um agricultor que mora na zona rural das diversas localidades do maciço de Baturité entrar numa universidade. Isso hoje é uma realidade o processo de seleção aconteceu e muitos estarão a partir de maio, cursando Agronomia, Administração Pública, Ciências da Natureza e Matemática, Enfermagem e Engenharia de Energia.