sábado, 28 de maio de 2011

A cultura afro- brasileira-

Os africanos, quando chegaram ao Brasil, passaram a conviver com diversos grupos sociais-portugueses, crioulos, indígenas e africanos de diferentes partes da Africa. Nesse caldeirão social tentaram garantir a sobrevivência, estabelecendo relações com seus companheiros de cor de origem, construindo espaços para a prática da solidariedade e recriando sua cultura e suas visões de mundo. Dessa maneira, integraram irmandades católicas, praticaram o islamismo e o camdoblé e reuniram-se em batuques e capoeiras. Com isso os africanos influciaram profundamente a sociedade brasileira e deixaram contribuições importantes para o que chamamos hoje de cultura afro-brasileira.
RELIGIOSIDADE
ISLAMISMO
Os africanos mulçumanos chegaram em maior número no século XIX e foram enviados, em especial, para a Bahia, vindos da África Ocidental sobretudo dos estados hauçás, Kana, Zaria, Gobir, e Katsina. Esses estados passram por guerras de cunho religioso, as chamadas jihads, lideradas pelo grupo islâmico fulani, pelos quais foram unificados, dando origem ao Califado de Sokoto.
Os escravos que chegaram à Bahia, nessa época, eram originários dessas guerras e da política expansionista dos fulanis em territórios iorubás com influência islâmica, como Nupe, Oió e Borno.Esses escravos eram embarcados no golfo do Benin e conhecidos na Bahia como nagôs. Antes disso, alguns povos islamizados como os malinkes ou mandingas já haviam desembarcados no Brasil.
Os africanos mulçumanos na Bahia eram conhecidos por malês, palavra que se aproxima de ìmàle, que quer dizer "mulçumanos" em iorubá. Assim, de malês eram chamados quaisquer mulçumanos, fossem eles hauças, nagôs, tapas ou jejes.
Os malês utilizavam como símbolo de sua religião os amuletos, patuás ou bolsas de mandingas. Esses amuletos eram muitos comuns na África Ocidental e considerdos verdadeiros talismãs, protegendo os africanos contra os ataques em guerras, viagens e espíritos do mal. No Brasil eram feitos, em geral, de uma oração colocada dentro de pequenas bolsinhas de couro. A eles podia-se acrescentar búzios, algodão, ervas e areia.
Os malês tinham também como símbolo o abadá- uma espécie de camisola branca, provavelmente de origem hauçá, utilizada na Bahia apenas nas cerimônias rituas- além de barretes (chapéus), turbantes e anéis de ferro. Organizavam-se em torno de um mestre e reuniam-se em casas de oração e estudo do Alcorão, que na verdade, eram as residências dos participantes. Aí faziam preces, copiavam orações, aprendiam a ler e escrever em árabe.
Texto extraído do livro História e cultura afro-brasileira de Regiane Augusto de Mattos

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